DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel
García-Margallo, disse nesta sexta-feira que seu país não tem motivos
para pedir desculpas à Bolívia pelo desvio de rota do avião de Evo
Morales. La Paz acusa Madri de bloquear o espaço aéreo para a aeronave
do presidente.
Morales vinha de Moscou, onde participou de uma cúpula, e deveria fazer uma escala nas ilhas Canárias no caminho à capital boliviana. Segundo o governo boliviano, ele foi impedido de descer no território espanhol, assim como em Portugal, França e Itália, e foi obrigado a descer em Viena, na Áustria.
A Chancelaria boliviana afirma que o bloqueio foi feito pela suspeita de que o delator da espionagem dos EUA, Edward Snowden, estivesse a bordo. A situação gerou uma grave crise diplomática entre os países europeus e a América Latina, gerando o repúdio de membros da Unasul (União das Nações Sul-Americanas).
Em entrevista à emissora TVE, García-Margallo voltou a dizer que o espaço aéreo do país esteve todo o tempo aberto. "A escala inicial nunca foi anulada. A permissão para a escala tem o mesmo número dado no início", disse o ministro.
No entanto, Evo deveria passar por Espanha e Portugal para chegar às Canárias, o que foi impedido pelas autoridades desses países. Para o chanceler espanhol, é necessário acalmar os ânimos e voltar a reatar as relações com a Bolívia e outros países latino-americanos que apoiaram Morales.
Também em Madri, a ministra de Transparência Institucional boliviana, Nardi Suxo, acusou o embaixador espanhol na Áustria, Alberto Carnero, de ter ido além de suas funções ao exigir que o avião presidencial boliviano fosse revistado.
A revista e o bloqueio a aeronaves presidenciais é uma violação à Convenção de Viena, que regula a atividade diplomática em todo o mundo. Na ocasião, o governo boliviano disse que a revista no aeroporto austríaco foi autorizada por Morales.
UNASUL
Na noite de quinta, seis países que integram a Unasul emitiram um comunicado exigindo que os países europeus expliquem a decisão de barrar o espaço aéreo ao avião que levava Morales. Os signatários são Bolívia, Venezuela, Equador, Argentina, Uruguai e Suriname.
Eles cobraram "desculpas públicas" dos países envolvidos por terem feito Evo "virtualmente de refém" nas horas em que esteve impedido de retornar a La Paz.
Para o grupo, o bloco mais à esquerda da Unasul, o episódio é uma "flagrante violação dos tratados internacionais" e um "ato ilícito" por afetar a "a liberdade de trânsito de um chefe de Estado" e a "inviolabilidade" de um mandatário.
O signatários pediram aos demais presidentes da Unasul que não compareceram à reunião de emergência convocada para respaldar Evo, que "acompanhem" a declaração aprovada por eles. O Brasil está entre os países que não tiveram representação de chefes de Estado.
O país divulgou uma nota dizendo que o acidente afetava "toda a América Latina" e que o tema deverá ser tratado "em todas as instâncias multilaterais para que situações como essa não se repitam". Foram à reunião o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o vice-chanceler, Eduardo dos Santos.
Houve, no entanto, divergências de tom que mostravam as divisões na Unasul. Durante a reunião, os enviados de Peru, Colômbia e Chile usaram retórica muito mais suave para se referir ao episódio. Mais cedo, o Mercosul também havia divulgado nesta terça nota de "repúdio" e "indignação" à "grave ofensa" à Bolívia.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/07/1306659-espanha-diz-nao-ter-razao-para-desculpas-por-desvio-de-aviao-de-evo.sht
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