Postado em 03 set 2014
WW
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Errar uma vez, tudo bem.
Mas duas, uma em cima da outra?
Acho que foi mais ou menos esta a lógica que governou Dilma ao recusar participar da entrevista-suplício para a qual fora convidada-intimada pelo Jornal da Globo.
Depois da experiência excruciante da entrevista no Jornal Nacional, seria incrível que Dilma comparecesse ao Jornal da Globo.
Foi um ato de sanidade o WO presidencial.
Ter Dilma seria bom para o JG. Mas e para ela?
William Waack mostrou as perguntas que seriam feitas. A mais branda delas indagava se Dilma achava correto oferecer dentes postiços a uma “cidadã pobre” pouco antes que ela participasse de um programa da campanha.
Num tom acima, Dilma era questionada sobre até quando continuaria a culpar a crise internacional pelos problemas econômicos brasileiros.
Quer dizer: Waack já decretara, com toda a sua genialidade econômica, que a culpa não é da crise internacional.
Na atitude de Dilma, há um gesto tardio, mas ainda assim relevante. Por que os candidatos têm que comparecer aos telejornais da Globo?
Porque a Globo manda no país?
É um comportamento obtuso e inercial. No passado, os Ibopes da Globo eram intimidadores, do ponto de vista dos candidatos.
Mas hoje o quadro é outro.
A internet está matando a audiência da tevê aberta.
O Jornal da Globo tem um Ibope na faixa de 7%, coisa que no passado você associava a emissoras de segunda ou mesmo terceira linha.
O próprio Jornal Nacional faz força, hoje, para se manter na casa dos 20%, uma migalha em relação às taxas de alguns anos atrás.
Dias atrás, soube-se que a Globo teve em agosto o pior Ibope de sua história no horário nobre: 12,5% em média. (Uma hora, e não vai demorar, o desabamento da audiência vai-se refletir fortemente na bilionária receita publicitária da Globo. O milagre da Globo, hoje, é ter a maior publicidade de sua história com a menor audiência. Só que este paradoxo é, simplesmente, insustententável. Quando um grande anunciante acordar, haverá um efeito dominó, semelhante ao que vem acontecendo no universo das revistas.)
Poderia haver uma razão maior para os candidatos se submeterem às entrevistas da Globo: informação para as pessoas sobre planos, visões, etc.
Mas essa informação – na era da internet – está espetacularmente disseminada.
Coisas boas, coisas más, coisas nebulosas: você pode saber tudo sobre qualquer candidato se rodar pela internet.
Com algum cuidado, você pode se informar sem o conhecido viés – já que estamos falando dela – da Globo.
Em suma: Dilma só teria aborrecimento caso fosse ao Jornal da Globo. Perguntas hostis, feitas para matar e não para informar, e se não bastasse isso uma audiência esquálida e composta maciçamente de antipetistas viscerais.
Dilma tinha muitas razões para não ir, e nenhuma para ir.
Sua decisão não poderia ser melhor.

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