Populares invadiram a casa, quebraram utensílios domésticos, arrastaram móveis para a via pública e tocaram fogo; revolta acontece pela falta de pagamento
Vítima
de uma sequência gestões desastrosas e cercada de polêmicas há mais de
uma década, o município de Coari viveu nesta quarta-feira (14) a mais
violenta manifestação popular da sua história. Em um ato contra a gestão
do prefeito cassado Igson Monteiro (PMDB) e de seus aliados,
manifestantes atacaram a sede da prefeitura, da Câmara e atearam fogo em
imóveis e veículos.
Segundo relatos
de associações e vereadores ouvidos pela reportagem, os atos começaram
por volta das 8h com cerca de 200 manifestantes reunidos em frente a um
dos imóveis do prefeito peemedebista. No local, móveis foram saqueados e
uma picape estacionada foi depredada. Depois, o grupo se dividiu e
passou a atacar pontos distintos do município.
Na
sede da Câmara, vidros foram quebrados e equipamentos saqueados. Os
manifestantes ameaçaram ainda atacar a sede da prefeitura, mas uma
barreira policial protegia o prédio. As duas instituições foram
esvaziadas após o início das ações. Com baixo efetivo de agentes de
segurança, a policia local foi escalada para priorizar a proteção dos
prédios públicos.
“Foi um movimento
pessoal contra o prefeito: atacaram a Câmara, para atingir o irmão, e
atacaram as casas do Igson. Isso é manobra da oposição. Só havia aliados
da oposição e curiosos. Os servidores ficaram apavorados”, disse Elton
Rodrigues, secretário de Administração do município.
Por
volta das 14h, cerca de 35 agentes da Policia Militar do Amazonas
(PM-AM) embarcaram no aereoporto Eduardinho rumo ao município para
reforçar a segurança do local. À essa altura, pelo menos dois outros
imóveis de propriedade de Igson Monteiro já haviam sido totalmente
incendiados e um segundo veículo do peemedebista empurrado para o rio.
Os
manifestantes atacaram também a casa do presidente da Câmara do
município e irmão de Igson, Eliseu Monteiro (PMDB), conhecido como
“Bat”, onde supostamente os vereadores se escondiam do tumulto. Outras
residências de parlamentares governistas e oposicionistas foram
atacadas. Não há, no entanto, relatos de pessoas feridas.
“Foi
tudo muito rápido. Eles invadiram e queimaram várias casas do Igson,
ameaçaram destruir a casa do presidente da Câmara, atearam fogo em
carros. Um dos imóveis ficou totalmente destruído. Um grupo chegou a ir
até o aeroporto para tentar capturar vereadores que estavam fugindo”,
disse Raione Queiroz, do Conselho de Cidadão de Coari (Concico).
Aliado
de Igson, o vereador Professor Natinho (PMN) disse que a sua família
foi ameaçada pelo grupo. “Tentaram derrubar o portão da minha casa, com
a família inteira dentro, arrombaram as janelas e tacaram pedras. Graças
a Deus nada de mau aconteceu com a minha família’, afirmou, por
telefone.
A manifestação reuniu
moradores insatisfeitos com a gestão, mototaxistas
que reivindicam aumentos na tarifa e servidores públicos. A folha de
pagamento do município acumula rombos e servidores dizem que estão com
pagamentos atrasados. “Foi uma centena de coisas que resultaram nisso. A
população está cansada de não receber seus salários e ser engana”,
disse outro vereador, que preferiu não se identificar.
Igson
Monteiro foi cassado pelo Superior Tribunal Federal (STF) em dezembro
passado junto ao ex-prefeito detido Adail Pinheiro. A chapa foi
considerada inelegível por acumular condenações em órgãos de controle do
Estado. O peemedebista, no entanto, ainda pode ingressar com recursos
contra a decisão.
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