Em entrevista, presidente também lamentou envolvimento de petistas com corrupção na Petrobras
24/08/2015
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que
“talvez” ela , e a equipe econômica, tivessem cometido o erro de ter
percebido tarde o tamanho da crise. A presidente admitiu que “talvez”
fosse o caso de adotar medidas corretivas ainda no ano passado.
Inclusive, antes das eleições. Relatou que o governo levou muitos sustos
e que nunca previram uma queda da arrecadação tão brutal. Em entrevista ao jornalista Ilimar Franco do GLOBO e outros dois jornais no Palácio do Planalto, Dilma decarou que "o futuro é imprevisível" - Errei em ter demorado tanto para perceber que a situação era mais
grave do que imaginávamos. Talvez, tivessemos que ter começado a fazer
uma inflexão antes. Não dava para saber ainda em agosto. Não tinha
indício de uma coisa dessa envergadura. Talvez setembro, outubro,
novembro.
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A
presidente disse que a Bolsa da China caiu e isso se refletiu na
derrubada de todas as Bolsas, Japão, Taiwan, Coréia do Sul, Australia. — Estamos diante de uma retração mercado internacional que não se
sabe a dimensão. Nós vamos ter que saber lidar com a desaceleração
internacional. Como ao ser perguntada sobre o juiz da Lava-Jato Sérgio Moro, Dilma
disse que não falaria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Mas a
presidente fez uma ironia quando lhe foi lembrado que o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso sugeriu que ela renunciasse o mandato ou
fizesse mea-culpa. — Sugerir é fácil. A presidente disse ainda que não esperava que petistas e pessoas
próximas ao partido estivessem envolvidas no escândalo de corrução na
Petrobras. Ela afirmou que foi pega de surpresa e que lamentou o que
aconteceu. Ao ser perguntada se ela imaginava que militantes ou pessoas
ligadas ao PT estivessem envolvidas, a presidente disse não. Em seguida,
foi perguntada se foi completamente surpreendida, ao que ela respondeu: — Fui! Acho e lamento profundamente! E acrescentou: — Posso falar uma coisa. Eu sou a favor de uma coisa que o Márcio
Thomaz Bastos dizia. Não esperem que sejam as pessoas a fonte da
virtude. Tem que ser as instituições. As instituições é que tem de ter
mecanismo de controle. É muito difícil. Integra a corrupção o fato dela
ser escondida, clandestina e obscura.
Dilma vai reduzir número de ministérios, anuncia ministro do Planejamento
Governo também vai diminuir a quantidade de
cargos comissionados; Nelson Barbosa avisa que ao menos dez pastas devem
ser cortadas
24/08/2015
BRASÍLIA
- O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou nesta
segunda-feira que a presidente Dilma Rousseff resolveu fazer uma reforma
da administração pública, reduzindo pelo menos dez ministérios, bem
como o número de cargos comissionados. O governo também lançará um
programa para vender imóveis da União. A decisão foi anunciada por Dilma na reunião de coordenação política
no Palácio do Planalto com seus principais ministros. Segundo Barbosa, a
reforma administrativa deve ser fechada até setembro e seguirá cinco
diretrizes. — A primeira é uma redução no número de ministérios, uma redução de
dez ministérios, como referência. Estamos trabalhando com meta de
referência de reduzir o número de ministérios em dez. Vamos avaliar com
todos os ministros, com todos os órgãos envolvidos, quais são as
iniciativas nesse sentido, tanto do ponto de vista de gestão, de
funcionamento de cada ministério, de superposição de áreas, quanto do
ponto de vista político, do ponto de vista da eficiência das políticas
públicas — disse o ministro.
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Uma
das propostas analisadas é exatamente a de acabar com o status de
ministério de várias secretarias — como as de Direitos Humanos, de
Relações Institucionais, de Aviação Civil, de Portos e de Assuntos
Estratégicos — além de retirar o título de ministro dos chefes do Banco
Central, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da
União (AGU) e do Gabinete de Segurança Institucional. O único ministério
que, a princípio, seria incorporado a outra pasta seria o da Pesca e
Aquicultura. Segundo uma fonte que tem participado das discussões sobre a reforma
administrativa dentro do governo, as funções da Secretaria de Direitos
Humanos seria incorporada ou pela Secretaria Geral da Presidência ou
pelo Ministério da Justiça. De acordo com a previsão, serão extintos ao
menos 1.000 cargos comissionados. O
ministro do Planejamento explicou que ainda não existe uma meta
pré-definida em relação à racionalização da máquina pública, sendo a
ideia combinar melhoria de gestão. Segundo Barbosa, hoje há cerca de 22
mil funcionários comissionados, os chamados DAS. Desses, entre 5 e 6 mil
não são funcionários públicos concursados. —Não há uma meta numérica para essa linha de ação porque isso precisa
ser conduzido com cada ministro, com cada área de atuação, que entende
melhor como funciona sua atividade — afirmou. Ainda segundo o ministro, outra diretriz é a redução de custeio e
gastos administrativos. O governo pretende também aperfeiçoar a gestão
do patrimônio da União com a venda de imóveis. — A União tem diversos imóveis que recebeu em execução de dívidas e
são imóveis que não são prioritários. Ou que não tem uso adequado ou não
são mais necessários. Então nós vamos lançar um programa que vai fazer
gradualmente a venda desses imoveis, via pregão eletrônico. Na questão
de imóveis da União há também o que se chama de direito de domínio da
União, onde a União tem uma taxa de ocupação — disse.
De acordo com a coluna Panorama Político, diversos ministérios considerados temáticos estão na mira para serem cortados. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, também participou do
anúncio. Ele disse que Dilma sempre foi a favor de uma reforma
administrativa, mas que a questão era o timing. E que o momento chegou,
agora que foi concluída a primeira parte do ajuste fiscal, com a
aprovação dos projetos que o governo enviou ao Congresso. CORTE DE MINISTÉRIOS TORNOU-SE BANDEIRA DO PMDB A
pressão pelo corte no número de ministérios, usada por adversários
durante a campanha eleitoral do ano passado, tornou-se uma das bandeiras
do PMDB na Câmara, que usaram uma proposta de emenda constitucional
neste sentido apresentada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), em 2013. A PEC limita em 20 o número de ministérios, já
passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e o relator na
comissão especial, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse que
apresentará seu parecer esta semana ou na próxima. A comissão especial foi instalada no dia 30 de junho, fez apenas seis
reuniões e com quorum muito baixo, sem debates aprofundados sobre o
tema. Segundo o presidente da comissão, Evandro Gussi (PV-SP), aprovaram
um requerimento pedindo informações sobre custos e cargos dos
ministérios e a resposta ainda não chegou. O PT, que teve seus
integrantes indicados de ofício por Cunha, não participou das reuniões e
enviou ofício a Gussi tirando os membros. Para o PT e o governo a PEC é
inconstitucional. - O governo fala hoje em cortar 10 ministérios, mas seu partido aqui
na Câmara retirou os deputados da comissão. Fico perplexo, o governo não
quer discutir aqui? Devemos fazer uma nova reunião esta semana.
Aguardamos o relatório do Picciani - criticou Gussi. Na votação na CCJ, com o apoio de outros partidos da base e da
oposição, o PMDB impôs uma derrota ao governo. Picciani nega que seja
uma emenda para retaliação ao governo. Segundo ele, é uma questão
programática do partido e que poderá ajuda o governo a cortar na carne. - A PEC que reduz ministérios é boa para o governo, é boa para o
Brasil. Vou apresentar meu relatório em duas semanas - disse Picciani na
quinta-feira passada. DILMA DISSE QUE ERA CEGUEIRA TECNOCRÁTICA Na
campanha eleitoral do ano passado, a presidente fez duras críticas à
proposta de redução de ministérios. Em agosto de 2014, ela reagiu às
declarações do candidato adversário Aécio Neves (PSDB) em favor da
redução dos atuais 39 ministérios. Ela disse que o tucano tinha uma
"cegueira tecnocrática". - Quero saber qual (ministério) e quem vai fechar! Essas secretarias
poderiam ter outro status, poderia ser apenas uma secretaria? Poderia.
Não perceber (a importância) do status é uma cegueira tecnocrática -
disse ela. A petista acusou ainda o PSDB de, na gestão de Fernando Henrique
Cardoso, ter tentado reduzir ao mínimo o ministério de Minas e Energia, o
que, segundo ela, levou ao racionamento de água em 2002.
— Acho um verdadeiro escândalo querer acabar. Criei dois ministérios.
O da Aviação Civil criei pela consciência absoluta de que havia uma
verdadeira revolução no transporte por aviões no Brasil. Para se ter uma
ideia, em 2003 eram 33 milhões de passageiros por ano e agora é de 111
milhões de passageiros por ano. A ampliação de aeroporto no Brasil é uma
exigência desse processo de inclusão social — afirmou Dilma,
completando: — Tem gente, inclusive, querendo reduzir ministérios. Vocês podem
saber os ministérios que eles querem reduzir. Um deles é o da Igualdade
Racial, o outro é o que luta em defesa da mulher. O outro é de Direitos
Humanos. E tem um ministério que eu criei e eles estão querendo acabar
que é o da Micro e Pequena Empresa — disse a presidente, citando
secretarias que têm status de ministério.
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