Segundo a Irmandade Muçulmana, as forças de segurança abriram fogo contra pessoas que rezavam em frente ao prédio da Guarda Republicana
A Irmandade Muçulmana do Egito convocou nesta
segunda-feira uma "revolta" contra o golpe de Estado depois da morte de
51 seguidores do presidente destituído Mohamed Mursi. O movimento afirma
que as mortes aconteceram de madrugada no Cairo, quando as forças de
segurança abriram fogo contra pessoas que rezavam. Inicialmente, havia o
resgitro de 42 mortes. Ao menos 435 pessoas ficaram feridas.
As Forças Armadas atribuíram os incidentes a
"terroristas armados" que tentaram atacar o quartel-general da Guarda
Republicana. Também afirmaram que simpatizantes de Mursi sequestraram
dois soldados no Cairo.
A situação extremamente tensa ameaça ainda mais as
complexas negociações para a formação de um governo de transição, seis
dias depois da queda de Mursi.
O Partido da Justiça e da Liberdade (PJL), braço
político da Irmandade Muçulmana, convocou em um comunicado uma "revolta
do grande povo do Egito contra os que tentam roubar sua revolução com
tanques". O PJL também pede à "comunidade internacional, aos grupos
internacionais e a todos os homens livres do mundo que atuem para
impedir outros massacres (e) o surgimento de uma nova Síria no mundo
árabe".
Na madrugada desta segunda-feira, muitos partidários do
ex-presidente rezavam diante do quartel-general da Guarda Republicana
quando soldados e policiais abriram fogo, afirma a Irmandade Muçulmana
em um comunicado, que destaca o balanço de pelo menos 35 mortes. O
ministério da Saúde anunciou um balanço de pelo menos 42 mortos e mais
de 300 feridos, sem especificar se eram apenas partidários de Mursi.
O Exército anunciara um pouco antes que "terroristas
armados" tentaram atacar o quartel da Guarda Republicana. A ação
terminou com um oficial morto e vários soldados feridos, seis deles em
estado crítico, segundo fontes militares.
Segundo disse uma fonte militar à agência EFE,
um grupo armado tentou entrar no prédio da Guarda Republicana e, ao
fracassar por causa da grande presença de forças de segurança em seu
interior, disparou de maneira indiscriminada contra os manifestantes
para causar o caos e facilitar o ataque. Segundo esta fonte, que pediu
anonimato, um oficial da polícia morreu por disparos e 40 policiais
ficaram feridos.
"O ato criminoso que aconteceu diante da Guarda
Republicana e a morte de manifestantes não puderam ser realizados pela
ação das Forças Armadas, que protegeram os manifestantes em Rabea al
Adauiya e em frente à Guarda Republicana durante todo o tempo dos
protestos sem atacar ninguém", garantiu a fonte.
Posteriormente, em entrevista coletiva, dois porta-vozes
da Irmandade mostraram à imprensa a munição supostamente entregue por
soldados e oficiais que se negaram a abrir fogo contra os manifestantes.
Os dois exibiram ainda um vídeo no qual se vê um suposto
franco-atirador sobre um edifício do quartel-general da Guarda
Republicana.
O partido salafista Al-Nur informou a saída das
negociações para a formação de um novo governo em resposta ao "massacre"
desta segunda-feira de partidários do presidente derrubado. "Decidimos
sair imediatamente das negociações em resposta ao massacre diante da
sede da Guarda Republicana" no Cairo, escreveu o porta-voz do Al-Nur,
Nader Bakar, no Twitter.
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