15/10/14
Aécio Neves começou a debater ontem (14) com Dilma Roussef na tevê Bandeirantes ostentando um sorriso irônico que evidenciava que ele acreditava que a adversária seria presa fácil. Ledo e Ivo engano. Dilma não apenas não foi presa como tampouco foi fácil.
No primeiro e segundo
blocos do programa, o sorrisinho continuava brotando logo abaixo dos olhinhos
tucanos. Mas foi no terceiro bloco, quando Aécio tocou no tema corrupção, que a
adversária arrancou o sorriso de seu rosto ao citar escândalos que o envolvem.
Dilma citou os casos dos
dois únicos aeroportos construídos em Minas Gerais durante o governo do tucano,
ambos construídos ao lado de propriedades de sua família; citou o caso das
rádios da família Neves que receberam dinheiro de seu governo; chegou a perguntá-lo
sobre “violência contra a mulher” – alô, Juca Kfouri.
Aécio se descontrolou.
Naquele momento, alguns expectadores podem ter ficado com a impressão de que
ele agrediria a adversária fisicamente. Não aconteceu, mas a reação do tucano
foi absolutamente desastrosa: insultou a mulher que tinha diante de si.
“Leviana”, vociferou.
A partir dali, o
sorrisinho desapareceu para nunca mais voltar. Enquanto isso, Dilma foi se
soltando. Rebateu, um a um, cada ataque e, dentro do tempo estipulado, a cada
resposta a um ataque, fez outro.
Dilma cresceu muito, do
último debate para este. Esteve segura, gaguejou muito pouco, de forma quase
imperceptível. Mas o mais importante foi a entonação da voz e a linguagem
corporal. Mostrou segurança e, em alguns momentos, até indignação.
Aécio por certo saiu
surpreso da Bandeirantes. Não esperava encontrar uma adversária tão perigosa,
que o fez tremer quando falou das rádios e da violência contra mulher.
Provavelmente, com medo de que ela desse mais detalhes.
A partir daquele
momento, o tucano parou de falar em corrupção. Afinal, Dilma poderia dar mais
detalhes das acusações que fez. Poderia dizer que naquele mesmo dia saíra
matéria na Folha de SP sobre as rádios,
e poderia perguntar o que ele tinha a dizer sobre o relato do jornalista Juca
Kfouri, que o acusou de agredir uma namorada.
Porém, Aécio não perde
por esperar. Haverá mais debates e por certo o Brasil terá oportunidade de
saber mais sobre alguém que, pertencendo a um partido cheio de casos de
corrupção e que sofre tantas acusações nesse quesito, ainda tem a cara-de-pau de
acusar alguém.
Dilma venceu? A meu ver,
sim. Mas, claro, ninguém pode dizer que o consenso majoritário não vá ser o de
que o embate ficou empatado. Mas é literalmente impossível dizer que ela
perdeu. E, diante das lendas que criaram, empate equivale a vitória.
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