dez. 11, 2011 Amaury Ribeiro Jr., Daniel Dantas, Decidir.com, FHC, José Serra, Maior Escândalo de Corrupção da História, Privataria Tucana, PSDB, Ricardo Sérgio, Verônica Dantas, Verônica Serra 10 comments
Os processos de privatização ocorridos no
governo FHC, sobretudo os das teles, sempre foram contestados. Favorecimentos
de concorrentes por parte dos tucanos, utilizando fundos de pensões
aparelhados, foram revelados com os grampos “fogo amigo” do BNDES, mas, até
hoje, quase quinze anos depois, não se sabia ao certo qual a forma de
retribuição dos corruptores aos corrompidos. Com um Procurador-Geral da
República disposto a engavetar todas as denúncias contra o governo e a imprensa
no bolso, a impunidade estava garantida.
O livro do Amaury Ribeiro Junior, “Privataria
Tucana”, vem revelar o modus operandi do que já pode ser considerado o maior
escândalo de corrupção da história do país, que envolve o governo federal,
grandes corporações financeiras e a imprensa com a prática de crimes de
corrupção ativa e passiva, favorecimento ilegal, formação de quadrilha, lavagem
de dinheiro, enriquecimento ilícito e invasão de privacidade, associado a
desvio de dezenas de bilhões dos cofres públicos.
Para embasar as acusações do autor, o livro
conta com um acervo de centenas de documentos extraídos legalmente de processos
em andamento na justiça. Os documentos atingem diretamente um seleto grupo
ligado ao tucano José Serra, o seu coordenador de campanhas e ex-diretor de
contas internacionais do BB, Ricardo Sérgio, o empresário casado com sua prima,
Gregório Marins Preciado, sua filha Verônica Serra e o genro Alexandre
Burgeois.
Amaury mostra como Daniel Dantas enriqueceu a
filha de Serra através da empresa Decidir.com, INC., ao injetar capital do
Opportunity e Citybank por meio de dois argentinos, sócios das Verônicas (Serra
e Dantas) no empreendimento de sucesso meteórico, e como foi montada a operação
na imprensa para justificar o fantástico enriquecimento quase instantâneo.
A certeza da impunidade fez com que os tucanos
ligados ao Serra tivessem pouca preocupação em disfarçar operações utilizando
off-shores para internalizar o dinheiro das propinas, que faziam literalmente
uma turnê pelo mundo antes de entrar limpinho nas suas contas. As empresas
sediadas no paraíso fiscal Ilhas Virgens Britânicas possuem nomes idênticos ou
muito parecidos às suas empresas “subsidiadas” no Brasil, e no caso de
Alexandre Burgeois, Genro de Serra, chega ao cúmulo de assinar pelas duas
empresas.
O livro ainda mostra
como Serra usa serviços de arapongas, pagos com dinheiro público, para criar
dossiês contra adversários políticos desde o seu período à frente do Ministério
da Saúde, e como sua filha e a irmã do Daniel Dantas quebraram o sigilo
de 60 milhões de brasileiros pela obtenção de informações
privilegiadas dentro do governo.
Na entrevista que deu a blogueiros
progressistas por twitcam na sexta-feira, Amaury revelou que além de ter
dívidas com o BNDES reduzidas durante o período das privatizações, a grande
mídia, que na época atuou como cabo eleitoral do neoliberalismo e encobriu as
denúncias de corrupção, foi beneficiada com as negociatas entre governo e
corruptores, garantindo cotas publicitárias aos veículos que se prestavam ao
papel de produzir propagandas institucionais travestidas de matérias
jornalísticas e editoriais.
Sobrou também para facções do PT que, na
disputa insana pelo poder, são capazes de destruir colegas de partido e
abastecer algozes na imprensa com dossiês que não atingem apenas o desafeto
político, mas toda a agremiação, inclusive colocando em risco eleições
presidenciais. São os aloprados que o Lula bem identificou. Ruy Falcão e
Palocci foram citados nominalmente.
Amaury ainda faz mais uma revelação
estarrecedora: como explicar que depois de nove anos fora do governo, Serra
ainda mantém controle da cúpula da Polícia Federal? Com a palavra Marcio Thomaz
Bastos, Tarso Genro e José Eduardo Cardozo, principalmente o último que ainda
ocupa o cargo. Ou o ministro processa o Amaury, ou demite toda a cúpula da
Polícia Federal e se informa melhor sobre ligações políticas dos detentores de
cargos de confiança no ministério que comanda, ou pede demissão ele próprio
porque é incompetência demais.
Ainda estão de fora outros personagens
conhecidos da privataria tucana, como André Lara Resende, Sérgio Motta, Luis
Carlos Mendonça de Barros, Jair Bilachi e o Próprio FHC, mas o Amaury informa
que estão sendo elaborados mais livros de outros autores sobre o tema e a
munição é gigantesca e que ele próprio vai aprofundar investigações em cima de
FHC e jornalistas que, segundo ele, não resistem a uma investigação leve, como
Reinaldo Azevedo e Cesar Tralli.
Como uma bola de neve, o livro do Amaury já
está incentivando outros denunciantes, e o ex-delegado da Polícia Federal e
deputado Protógenes Queiroz vem narrando no twitter, desde o lançamento do
livro, algumas informações do que apurou em investigações durante o tempo de
PF, como por exemplo, a forma como o grupo de FHC comandava operações de fraude
com títulos da dívida pública, com o BACEN favorecendo laranjas de amigo de
FHC, Alberto Aschar, que fugiu do Brasil com cinco milhões esquentados pelo
Banco Safra em 1988, ou quando encontrou vários bicudos em fundos que enviavam
dinheiro para fora do país.
A imprensa tenta desesperadamente abafar a
repercussão do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, mas o
esforço inglório é inútil porque já criou vida própria e a tendência é que
percam mais credibilidade e morram abraçados ao Serra com blindagem e tudo.
Enquanto isso, procure o livro “Privataria Tucana” na FNAC e Livraria Saraiva,
é um excelente presente para dar de natal a si próprio e em confraternizações
de “amigos ocultos”.
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