Publicado em 02/12/2014

Richa vai propor aumento de impostos à Assembleia
Governador convoca deputados para apresentar “medidas amargas” que garantam dinheiro em caixa no 2º mandato
O governador Beto Richa (PSDB) prepara um “pacote de maldades”
para enviar à Assembleia Legislativa do Paraná nos próximos dias. A
informação de deputados da base aliada é que o tucano tomará “medidas
amargas” para começar o segundo mandato com dinheiro em caixa, o que
inclui aumento de impostos. O assunto será exposto hoje aos
parlamentares, às 11 horas, em uma reunião no Palácio Iguaçu. No
encontro, Richa também reforçará a importância da aprovação da emenda em
que ele pede autorização para remanejar livremente 15% do orçamento do
ano que vem.
Publicamente, desde que se lançou à reeleição, Richa
tem afirmado que “o melhor está por vir” no segundo mandato. Em sabatina
à Gazeta do Povo antes do 1.º turno, por exemplo, afirmou: “Acho que as
coisas estão de certa forma indo bem. Agora com a casa em ordem e a
máquina azeitada, vamos avançar mais”. Segundo aliados próximos, porém, a
realidade é completamente diferente. Alguns chegam a classificar a
situação financeira do estado como “desesperadora”.
Na semana passada, o tucano apresentou duas emendas ao substitutivo
geral do orçamento de 2015 em tramitação na Assembleia. Uma delas
permite que o governo remaneje até 15% de sua receita sem precisar
consultar o Legislativo – pelo texto aprovado na Comissão de Orçamento,
esse montante é de 5%. O porcentual de 15% corresponde a R$ 7,3 bilhões.
Outra emenda prevê o repasse de até R$ 90 milhões do orçamento da
Defensoria Pública para a Secretaria da Fazenda.
Também na semana passada, o Executivo determinou que o pagamento do
terço de férias dos funcionários da administração direta que tirarem
férias em dezembro e janeiro – exceto os professores da rede estadual −
seja pago apenas no ano que vem e em três parcelas. A decisão teria sido
tomada para garantir o pagamento do salário deste mês dos servidores e
do 13.º. Essa também seria uma forma de garantir que os funcionários
pudessem manter as férias no período, em vez de determinar que elas
fossem adiadas para 2015.
Cenário adverso
O motivo oficial da reunião de hoje com os deputados é a emenda que
pede o remanejamento de 15% do orçamento. Nos bastidores, entretanto, os
próprios deputados governistas afirmam que Richa, na verdade, pretende
explicar aos parlamentares um pacote de projetos que chegará ao
Legislativo nos próximos dias e que inclui o aumento de impostos. “Não
posso adiantar nada porque não conheço o teor das mensagens. Mas serão
medidas amargas”, disse um deputado. “Será um pacote de maldades. Mas
não há outro caminho”, completou outro.
Durante a sessão de ontem, o líder do governo na Assembleia, Ademar
Traiano (PSDB), confirmou que o governo enviará uma série de projetos
para serem aprovados antes do fim de ano. O tucano disse, porém, que
ainda não havia tido acesso às propostas. Segundo ele, as mensagens
estavam sendo finalizadas.
Além de pretender elevar os impostos no estado, Richa tem se
manifestando a favor da volta da CPMF, que vem sendo articulada por
governadores petistas recém-eleitos. “Preciso consultar o partido. Mas
já me manifestei a favor da CPMF”, declarou o tucano à Folha de S.
Paulo.
Corte de 3 pastas e secretário baiano são apostas para economizar
Corte de 3 pastas e secretário baiano são apostas para economizar
Para economizar, o governo do Paraná irá cortar três secretarias e
fundir outras estruturas do segundo escalão. A expectativa é de que, com
essas medidas, haja corte de cargos e redução de despesas.
Além disso, os problemas de caixa do governo devem promover a mudança
mais radical no secretariado. Há vários dias Beto Richa vem tentando
convencer o atual secretário da Fazenda de Salvador (BA), Mauro Ricardo
Costa, a assumir as finanças paranaenses. Auditor da Receita Federal e
ex-secretário da prefeitura e do governo de São Paulo, Costa aumentou as
receitas de Salvador e é considerado fundamental na boa avaliação da
gestão local.
Costa esteve em Curitiba na sexta-feira passada. Mas, segundo aliados
do governador, ainda não respondeu ao convite. Procurado, disse por
meio da assessoria de imprensa que não iria se manifestar sobre o assunto.
Amanhã, porém, o prefeito da capital baiana, ACM Neto (DEM), vai
anunciar uma reforma administrativa e pode anunciar a saída de Costa.
Outros cargos
No 1.º escalão paranaense, o cargo mais disputado na reforma do
secretariado para o 2.º mandato de Richa é o de chefe da Casa Civil.
Brigam pela vaga Deonilson Roldo, atual chefe de gabinete do governador,
e Eduardo Sciarra (PSD), coordenador da campanha de Richa e que não
concorreu à reeleição para deputado. No Planejamento, é tido como certo
que Cassio Taniguchi não permanecerá. Um dos nomes especulados é o de
Silvio Barros (PHS), ex-prefeito de Maringá e cunhado da vice-governador
eleita, Cida Borghetti (Pros).
Considerada a principal ponte com prefeitos, a Secretaria do
Desenvolvimento Urbano (Sedu) estaria à espera de Ratinho Jr. (PSC), que
comandou a pasta até o final de março. Mas ele tem dito que não abre
mão de brigar pela presidência da Assembleia. No entanto, diante do
anúncio de Richa a aliados de que defende a candidatura de Ademar
Traiano (PSDB) para o comando da Casa, só restaria a Ratinho aceitar a
Sedu. Se não aceitar, a secretaria ficaria com o deputado Valdir Rossoni
(PSDB).
Assembleia

Beto ‘escolhe’ Traiano para presidir a Alep
Enquanto 17 partidos brigam por espaço no secretariado, Ademar
Traiano (PSDB) e Ratinho Jr. (PSC) disputam quem será o próximo
presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Entre os
deputados, o tucano é considerado virtual eleito depois da última
sexta-feira, quando o governador Beto Richa (PSDB) teria dito a aliados
que Traiano é o seu preferido para o cargo. “Mas, obviamente, ele
[Richa] nunca dirá isso ao Ratinho”, afirmou um parlamentar experiente.
Por enquanto, Traiano teria o apoio formal de 36 dos 54 deputados
eleitos. Ele também já conta como garantidos mais seis votos. Dessa
forma, restariam isolados apenas os 12 parlamentares do PSC, que
defendem o nome de Ratinho.
Além do apoio informal de Richa a Traiano, os deputados avaliam que
Ratinho perdeu terreno na disputa ao ficar 20 dias fora do circuito, em
viagem após as eleições. Tanto é que, até agora, ele não tem nenhum
apoio declarado, a não ser o do próprio partido. A perda mais
significativa para o adversário foi a do PMDB, que terá a 2.ª maior
bancada da Assembleia, com oito parlamentares. Para conquistar os
peemedebistas, Traiano ofereceu a 2.ª secretaria e o comando de
comissões, além de garantir a liderança do governo para Luiz Claudio
Romanelli – curiosamente, ele também foi líder da gestão de Roberto
Requião.
“É possível chegarmos a um entendimento para contemplá-lo [Ratinho]
em alguma secretaria”, disse Traiano. Até a semana passada, porém,
Ratinho garantia que sua candidatura vinha sendo bem recebida pelos
deputados e que a formação das chapas iria até o último dia antes da
eleição.
Dança das cadeiras
Cotados para o primeiro escalão do governo do Paraná em 2015:
Casa Civil
• Sai: Cezar Silvestri
• Entra: Deonilson Roldo ou Eduardo Sciarra
Fazenda
• Sai: Luiz Eduardo Sebastiani
• Entra: Mauro Ricardo Costa
Planejamento
• Sai: Cassio Taniguchi
• Entra: Silvio Barros
Educação
• Sai: Paulo Schmidt
• Entra: indefinido (Alex Canziani recusou convite para o cargo)
Saúde
• Continua: Michele Caputo Neto
Segurança Pública
• Sai: Leon Grupenmacher
• Entra: Fernando Francischini
Desenvolvimento Urbano
• Sai: João Carlos Ortega
• Entra: Ratinho Jr. ou Valdir Rossoni
Meio Ambiente
• Sai: Antonio Caetano de Paula
• Entra: Silvio Barros
Liderança na Assembleia
• Sai: Ademar Traiano
• Entra: Luiz Claudio Romanelli
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