Inconformado com derrota, o presidente
nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou neste sábado (4), em entrevista
publicada pelo jornal O Globo, que tem dúvidas se a presidente Dilma Rousseff
termina o mandato, conquistado em outubro do ano passado em vitória sobre ele.
Aécio insiste nas chamadas "pedaladas
fiscais" para pressionar o Tribunal de Contas da União a rejeitar as
contas da presidente Dilma de 2014 e abrir caminho para um eventual pedido de
impeachment. "Junto ao TCU nós mostramos que a presidente cometeu, de
forma reiterada, inclusive este ano, crime de responsabilidade. Por outro lado,
temos ações junto à Procuradoria Geral da República que, na verdade, demonstram
que houve cometimento de crime comum", afirmou.
O presidente do PSDB pretende utilizar a
delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, para reforçar os argumentos em
prol do golpe. "Ingressamos com outra ação por crime de extorsão com base
na delação do senhor Ricardo Pessoa, quando diz que o tesoureiro da campanha
condicionava a manutenção dos contratos da UTC e Constran na Petrobras às
doações para a campanha eleitoral da presidente Dilma", afirma. O problema
é que Ricardo Pessoa também faz delação que complica a vida do PSDB. O dono da
UTC/Constran implicou nada menos que 15 partidos ao falar de suas doações com
recursos ilícitos, incluindo o PSDB, presidido por Aécio, e o DEM, de artífices
do golpe, como os senadores Ronaldo Caiado (DEM/GO), denunciado por caixa dois
pelo ex-companheiro Demóstenes Torres, e Agripino Maia (DEM/RN), investigado no
Supremo Tribunal Federal pelo recebimento de propinas de R$ 1,1 milhão.
Outra hipótese defendida pelo tucano é a
delação do doleiro Alberto Youssef, que disse à Justiça Eleitoral ter sido
procurado por um emissário da campanha da presidente Dilma Rousseff no ano
passado para trazer de volta ao Brasil cerca de R$ 20 milhões depositados no
exterior. O complicador, neste caso, é que o mesmo Youssef já acusou Aécio de
"ser dono" de uma diretoria em Furnas que pagava mensalão a
parlamentares aliados do tucano.
Aécio Neve assumiu pela primeira vez de
forma clara a defesa do golpe. "O PSDB tem que estar preparado para
qualquer cenário. (...) Meu papel é garantir a unidade do partido. E democraticamente
vamos agir no momento certo, não antes de 2017, para definir quem terá a
responsabilidade de disputar as eleições. A não ser que o calendário eleitoral
se antecipe", afirmou.
Essa não é a primeira manobra golpista do
senador. No mês passado, em comitiva composta por membros da direita do Senado,
Aécio, tentando ferir a soberania do governo Maduro, tentou visitar o líder da
representação imperialista no país, Capriles, em Caracas. A tentativa de
transformar o acontecimento em um grande atentado à democracia por parte do
governo Maduro virou uma grande chacota internacional. Presos em um
congestionamento, após sairem do aeroporto, os lideres de direita falavam em
momentos de perigo e tensão. A comitiva retornou ao Brasil sem o efeito
planejado.
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