*** O documento a seguir foi escrito pelo sócio-fundador da Empiricus – maior consultoria de investimentos do Brasil, com mais de 60 mil assinantes pagos. O relato é totalmente verídico e baseado em dados concretos. ***

O TERCEIRO MANDATO DILMA
 
“Nunca estivemos tão próximos
do que sempre foi o meu maior temor.”
 
Caro leitor,

Abro este documento com um pedido público de desculpas.

Em 23 de julho de 2014, publiquei o vídeo O Fim do Brasil, alertando para uma grave crise que batia à porta das famílias brasileiras.
Com os ânimos à flor da pele em meio ao debate eleitoral, meu alerta atingiu proporções inimagináveis, despertando a atenção (e a ira) de muita gente.
A tese foi bastante importante, pois produziu um debate construtivo. Muitas pessoas não entenderam a metáfora e criticaram O Fim do Brasil, acusando-me de interesses escusos.
Tudo isso por avisar meus clientes para o que se provou a dura realidade dos indicadores econômicos. Alertá-los para o que, um ano depois, parece óbvio aos profetas a posteriori e engenheiros de obra feita.
Tivemos duas consequências importantes:
- Promovemos maior debate sobre a situação da economia;
- Fizemos nossos clientes ganharem dinheiro, cumprindo com nosso dever fiduciário.
Todos os 10 pontos levantados naquele vídeo-alerta se provaram acertados.
O Fim do Brasil foi o tema econômico de maior abrangência no Facebook, com mais de 16 milhões de visualizações, e “livro do ano de 2014” pela livraria da Folha na votação dos leitores.
 
Infelizmente, à época foi bastante difícil lidar com uma militância ativa e agressiva, cega por uma ideologia que parece estar acima de qualquer coisa, inclusive das restrições impostas pela sociedade.
Minha consultoria enfrentou processo no TSE movido pela presidente Dilma e sua coligação, e tentativa de censura explícita pelo poder incumbente.
 
Tentei conduzir da melhor maneira possível, sem ceder às inúmeras tentativas de intimidação.
Cumpri o meu dever e avisei meus clientes da necessidade de se protegerem.
Hoje admito certa satisfação, sensação de dever cumprido.
Os alertas, ridicularizados por alguns, ajudaram os meus leitores a blindar o patrimônio e ganhar muito dinheiro mesmo em tempos difíceis.
Tempos de perda do poder de compra dos salários, de queda na renda per capita, de crescimento do desemprego em velocidade assustadora e de aumento nas taxas de juros.
Quando iniciei as críticas mais pesadas sobre a situação da economia brasileira, por exemplo, o dólar estava em R$ 2,20 – a rigor, já havia sugerido a compra de dólares mesmo antes, a R$ 1,90.
Atualmente, a moeda norte-americana é cotada acima de R$ 3,00.
Hoje, contamos com mais de 60 mil assinantes que se dispuseram a pagar para receber minhas dicas, proteger e aumentar seu patrimônio diante da crise.
Assumindo que, na média, o cliente comprou US$ 1 mil a R$ 2,20 seguindo a recomendação – e essa é uma cifra bastante conservadora -, cada assinante ganhou R$ 800,00 ou mais somente com essa recomendação.
Multiplicando esses R$ 800,00 de ganho individual por 60 mil assinantes, falaríamos de uma riqueza total gerada, apenas na sugestão em favor do dólar, da ordem de R$ 48 milhões.
Esse foi apenas um dentre inúmeros outros exemplos ainda mais expressivos.
Dentre eles…
- a sugestão de títulos pós-fixados mesmo quando o mercado em geral mudou a mão para juros pré (posteriormente se frustrando);

- o alerta para a queda das ações de incorporadoras e do mercado de imóveis;
 
- os reiterados alertas para o risco das ações de Petrobras, com sugestão para apostar na baixa das ações quando ainda custavam perto de R$ 30 (hoje negociam em torno de R$ 10);
 
- recomendações muito bem sucedidas de algumas ações específicas, como Suzano, que registram desde então valorização de 40%.
 
Se por exemplo cada cliente tivesse empregado R$ 2.000 na última das sugestões listadas acima, das ações da Suzano, teríamos a geração de R$ 800 de riqueza individual, o que, somado ao número de assinantes, renderia outros R$ 48 milhões de geração de valor para nossos clientes.
Somado ao exemplo do dólar, teríamos uma riqueza total gerada, apenas com essas duas sugestões, de cerca de R$ 100 milhões.
Isso é simplesmente formidável. Pudemos gerar uma quantia enorme de valor mesmo num ambiente altamente desafiador.

Ainda mais importante: nossos leitores jamais foram pegos de calças curtas pelos descalabros da economia atual. Tiveram a chance de antecipar movimentos, se proteger e ganhar com as oportunidades que surgiram.

Quem não seguiu o alerta, porém, pode ter sofrido perdas irreparáveis…
O principal índice de ações do Brasil registra queda de cerca de 10% desde então.
A moeda brasileira perde valor a cada dia.
As taxas de juros seguem em ampla trajetória de alta, as maiores taxas reais do mundo para economias com alguma relevância.
Outros investimentos mais exóticos oferecem rendimento ainda pior.
Em paralelo, já temos fechamento líquido de 600 mil postos de trabalho somente neste ano…
A inflação estourou o teto da meta e ruma para os dois dígitos segundo as estimativas de consenso.
E as contas públicas estão em frangalhos.
Mais uma vez não cumpriremos a meta fiscal. Isso, um ano após o governo ter de mudar a lei para não incidir em crime de Responsabilidade Fiscal.
 
Para piorar, o escândalo do Petrolão nos coloca à beira da maior crise de corrupção já noticiada na história da humanidade.
O cenário é mesmo preocupante. Posso afirmar categoricamente: os efeitos econômicos da crise estão apenas começando.
Um ano atrás, eu era o economista mais pessimista com a situação dos indicadores macroeconômicos e da política brasileira.
E, ainda assim, não fui capaz de prever a crise institucional que se instalava. Peço sinceras desculpas por isso.
Não pude imaginar, de princípio, que a situação econômica se deterioraria tão rapidamente.
Não falo no panorama de curto prazo, que era esperado e devidamente precificado. Falo da falta de prognóstico de recuperação no horizonte por vários anos.
Mais do que isso, que atingiríamos uma crise política e institucional sem precedentes, com Câmara e Senado em guerra declarada contra o Planalto e resistência ao governo mesmo na raíz de sua base aliada.
Paralelamente, o governo atual enfrenta o maior índice de rejeição de toda a série histórica de levantamentos do Ibope – pior, inclusive, do que aquela observada no impeachment de Collor.
Tivesse desde o início um diagnóstico ainda mais pessimista desses desdobramentos, certamente poderia ter contribuído com geração de valor ainda mais expressiva.
Hoje há um consenso de que chegaremos a 2018 com um PIB equivalente ao de 2013 – e com uma renda per capita cerca de 5% inferior à observada cinco anos antes.
Considerando o crescimento da população da ordem de 1% ao ano, havemos de crescer 2% anualmente para chegar a 2023 com rigorosamente a mesma renda per capita observada 10 anos antes.
Ou seja, sem reformas, já temos uma década perdida.
Agora, posso afirmar com total convicção que tamanha combinação de elementos nos levará ao mais preocupante dos desfechos.

Nunca estivemos tão próximos do que sempre foi o meu maior temor.
Estudo a economia e a política brasileira com afinco há vários anos, e encontro poucos paralelos históricos para o cenário que vemos atualmente:
 
Não sou apenas eu quem está afirmando…
Em entrevista à Agência Brasil, o cientista político Antônio Flávio Testa, professor da Universidade de Brasilia, alertou que:
”É a primeira vez que vejo um presidente da Câmara tão independente. Ele coloca em discussão projetos que não são de interesse do Executivo.”
De acordo com Testa, “Cunha de fato pode ser capaz de iniciar um processo de impeachment da presidente Dilma.”
Note que a possibilidade de a presidente não terminar o seu mandato tem sido abordada com frequência pelas principais agências do mundo:
 
 
 
Fique claro, não estou aqui para julgar se a presidente já reúne (ou não) elementos para ser deposta. Essa é uma avaliação que foge a este documento.
Toda minha argumentação à sequência se baseia nos potenciais desdobramentos econômicos de um risco que – vimos – não pode ser ignorado.
Um cenário de vácuo de poder é absolutamente danoso para uma economia extremamente fragilizada como a nossa.
E, pior: não adianta negarmos ou torcermos pelo contrário… é algo que JÁ ESTÁ EM CURSO.

Explico…
Sem base para governar no Congresso e no Senado, sem articulação econômica e com resistência política mesmo na base aliada, Dilma não governa mais o País.
A condução econômica foi entregue a Joaquim Levy, rigorosamente a vertente OPOSTA àquela pregada pela presidente durante toda a campanha eleitoral.
Levy é, sim, um excelente economista, um dos maiores do Brasil. É formado na prestigiada Universidade de Chicago. Formidável.
No entanto, arrumar as contas públicas não é somente um exercício de economia. Refere-se a um processo, acima de tudo, político, que não pertence ao platonismo dos economistas.
Prova disso, que mesmo diante de toda esperança depositada em Levy, e de toda capacidade técnica de Levy, fechamos o primeiro semestre de 2015 com superávit primário praticamente nulo.
Ou seja, o ajuste fiscal simplesmente inexiste, ou não produz quaisquer efeitos práticos até agora.
Em pouco mais de seis meses, toda a argumentação econômica do governo já caiu por terra…
Dezembro de 2014:
 
Julho de 2015:

 
A meta fiscal de economizar 1,1% do PIB para pagar os juros da dívida brasileira, compromisso esse reiterado pela presidente, foi abandonada na prática.
No lugar, temos discussões sobre a necessidade de redução da meta de superávit primário para 0,4% e projeções sérias indicando para resultado fiscal praticamente nulo neste ano.
Enquanto isso, neste mesmo intervalo de pouco mais de seis meses, a promessa do governo federal de entregar crescimento do PIB da ordem de 0,8% em 2015 já foi revisada para o campo negativo. Atualmente, fala-se em recessão da ordem de -2%.
As coisas ficam ainda mais delicadas quando consideramos o momento do País.
Ajustes fiscais são difíceis por definição. Ninguém gosta de pagar mais imposto ou de ter um subsídio cortado.
Portanto, eles costumam acontecer em momentos de bonança, de maior crescimento econômico.
Querer cortar gastos públicos e aumentar imposto num momento de recessão é algo extremamente desafiador e impopular.
Se a economia é conduzida por Levy, a articulação política também não está nas mãos de Dilma…
Ela foi terceirizada para seu vice Michel Temer, do PMDB, partido que abriga os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, hoje inimigos declarados da situação.
 

Sem a condução da economia, sem interlocução com o Congresso e com a Câmara, pressionada pela base aliada e pelos movimentos sociais, e com aprovação de apenas 7,7% da população, Dilma não tem mais base para governar o País.

Há um vácuo de poder que precisa ser preenchido, e isso é muito perigoso…
 
Embora seja um crítico ferrenho da condução da política econômica atual, reconheço que um cenário hipotético de queda do governo poderia intensificar o desastre do lado econômico no curto prazo.
Processos de deposição ou renúncia são extremamente complexos, envolvem ruptura com o status quo e ensejam enorme incerteza – nunca se sabe qual será seu resultado e potenciais consequências.
Mais do que isso, dão margem para a ascensão de grupos radicais (quem está organizado em momentos de instabilidade), especialmente em períodos de grande fragilidade institucional.
Fôssemos apontar um paralelo com a operação Lava-Jato, o encontraríamos na operação Mani Pulite (Mãos Limpas).
A investigação judicial conduzida no início da década de 1990 na Itália visava esclarecer casos de corrupção local que uniram a Máfia, a maçonaria e o Banco do Vaticano ao escândalo do Banco Ambrosiano, em 1982.
Cumpre destacar que o juiz brasileiro Sérgio Moro, responsável pela condução da Lava-Jato, é grande estudioso da Operação Mãos Limpas:
 
Na definição de Moro:
“…constituiu uma das mais exitosas cruzadas judiciárias contra a corrupção política e administrativa. Esta havia transformado a Itália em, para servirmo-nos de expressão utilizada por Antonio Di Pietro, uma democrazia venduta (‘democracia vendida’).”
A Mani Pulite causou uma ruptura que levou à condenação de cerca de 1.300 réus, ao fim da chamada Primeira República Italiana e ao desaparecimento de muitos partidos políticos com membros envolvidos no escândalo.
Tudo isso é muito positivo. E a investigação deve ser levada até o fim, sem pestanejar…
Isso fortalece as instituições e a democracia, com efeitos formidáveis a longo prazo.
Entretanto, envolve riscos de curto prazo.
Na Itália, por exemplo, culminou na ascensão ao poder de Silvio Berlusconi, bilionário do setor de mídia acusado de ligações com a máfia calabresa (‘Ndrangheta) e condenado à prisão em 2013 em meio a escândalos sexuais e de corrupção fiscal.
O paralelo com a Mani Pulite é gritante.
A ausência de bases sólidas para o governo e o vácuo de poder na crise brasileira atual são inquestionáveis e criam perigosa margem de manobra.
Novamente: não cabe a mim julgar se a presidente reúne elementos para ser deposta, nem mesmo se pode renunciar.
Reitero: isso em nada deve abalar as investigações, tampouco inibir as consequências políticas dentro das leis, doa a quem doer. Ninguém está acima das instituições.
Minha preocupação é restrita aos potenciais desdobramentos que uma ruptura com o governo atual teria à condução da política econômica diante de uma crise devastadora, cujos impactos recém começamos a sentir.
E esse está longe de ser o meu maior temor…

O Terceiro Mandato
 
Com o agravamento das crises econômica, institucional e política, qual seria a saída natural para Dilma?
Como vimos, a presidente está completamente isolada.
Não tem apoio popular…

Não encontra respaldo na base aliada…

 
E muito menos na oposição…
 
Diante disso, o que restaria para a presidente em exercício?
Só resta um caminho possível à presidente: se agarrar ao único dos lados em que ainda teria algum trânsito.
Uma reconciliação com a base aliada e a guinada à esquerda. Voltar-se novamente aos interesses e à agenda de quem a elegeu, colocando a culpa em Levy e em sua política neoliberal.
 
Dois dias depois…
 
Comentário da Agência Estado (Bom dia Mercado) em 22 de julho:
 
 
A única saída aparentemente ao alcance de Dilma representaria, necessariamente, o retorno às políticas mal sucedidas empregadas nos últimos doze anos. A temida dobrada de mão na nova matriz econômica.
Seria o resgate da heterodoxia, enfim, a condução prometida em campanha para o seu segundo mandato.
Parte dos resultados já é conhecida. Estamos colhendo seus primeiros desdobramentos. Os indicadores econômicos estão aí para provar…
O SEGUNDO MANDATO DILMA, em seus primeiros seis meses, representou a tentativa de correção de rota, mas o rompimento com o discurso de campanha e o estouro de uma crise política, econômica e institucional sem paralelos.
Esse segundo mandato, tal como vimos no aprofundamento da recessão, na queda abrupta da popularidade e na inviabilidade do ajuste fiscal, JÁ NÃO ENCONTRA MAIS BASE DE SUSTENTAÇÃO.
Qual o próximo passo?
Sem saída, Dilma resgata a agenda heterodoxa que a elegeu, dobrando a mão na aposta (que já se provou) errada.
O seu “TERCEIRO MANDATO” será a implementação, de fato, das políticas prometidas para o segundo mandato, a partir da segunda metade de 2015 e da ruptura declarada com o Congresso.
Havemos de nos preparar. O processo pode já ter começado…
 
O que um resgate às convicções poderia ocasionar?
Pego emprestado o racional do brilhante economista Eduardo Giannetti. Disse ele, para o caso de Dilma dobrar a aposta:
“Aí, meus caros, apertem os cintos. Vamos enveredar para uma crise financeira logo no inicio do segundo mandato, porque o mercado financeiro vai perceber rapidamente que o Brasil não se sustenta. Eu realmente temo que essa possibilidade aconteça.”
Outra frase interessante foi dita por Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio-diretor da Tendências Consultoria:
“Se tomarmos o caminho errado (não acabar com a nova matriz econômica), o Brasil corre um sério risco de jogar fora tudo que foi construído desde os anos 90, deixando o país mais vulnerável a crises externas.”
As consequências são imediatas e desastrosas.
Em caso de eventual rompimento com Joaquim Levy, o impacto inicial sobre o câmbio e a Bolsa de Valores seria devastador.
Acabaria toda e qualquer esperança ainda depositada no ajuste fiscal, único argumento que ainda sustenta a classificação de risco soberano brasileira.
Sofreríamos não apenas o downgrade iminente em nosso rating, mas rebaixamento adicional, que nos levaria à categoria de economia de risco especulativo.
O efeito líquido e imediato sobre o fluxo de dólares, combinado ao início de uma subida de juros nos EUA, poderia levar a moeda americana rapidamente para a casa de R$ 4.
Isso pesaria sobremaneira sobre uma inflação que já ruma para os dois dígitos, uma vez que elevaria o preço de insumos importados.
Consequentemente, acarretaria trajetória adicional de aumento das taxas de juros e aprofundamento do quadro recessivo, com desdobramentos sérios sobre o mercado de trabalho.
Esses são apenas os primeiros reflexos naturais de uma dobrada de mão.
Eu estava certo de que teríamos uma recessão, o desemprego começaria a aumentar, pioraríamos indicadores de distribuição de renda e as contas públicas escapariam ao controle…
Não imaginei, porém, que chegaríamos tão rápido à combinação de todos esses elementos, com grande chance de deterioração adicional.