Todos os réus podem escolher entre responder às perguntas que podem ser feitas pelo juiz, pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelas defesas dos demais acusados no processo, ou permanecer em silêncio. Os quatro foram os primeiros a optar pelo silêncio até o momento, neste processo.
Antes deles, já depuseram nesta ação o empresário Milton Pascowitch, o irmão dele José Adolfo Pascowith, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, os lobistas Júlio Camargo e Fernando Horneaux de Moura e o operador Olavo Horneaux de Moura Filho.

Na quarta-feira (27) serão interrogados os sócios da Engevix Cristiano Kok e José Antunes Sobrinho, além de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu. Na sexta (29), os últimos réus a serem interrogados são o sócio da Engevix Gerson de Melo Almada e o ex-ministro José Dirceu.
Dirceu está preso desde agosto de 2015, atualmente custodiado no Complexo Médico-Penal, na Região de Curitiba. A ação investiga, entre outras questões, o envolvimento do ex-ministro no esquema bilionário de fraude, corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras.
A fase de interrogatórios do processo antecede a etapa de alegações finais da acusação e dos réus. A partir de então, o juiz já pode publicar a sentença.

Depoimentos
No depoimento de quarta, Milton Pascowitch confirmou que o contrato de consultoria entre a empresa dele, a Jamp Engenheiros Associados e a JD Consultoria, de propriedade de Dirceu, serviu ao pagamento de propina por contratos entre a Engevix e a Petrobras.
Pascowitch disse, inclusive, que o ex-ministro exercia forte pressão para receber propina desses contratos.

O lobista também afirmou que usou a Jamp para pagar parte da compra da sede da empresa de Dirceu, a reforma de um apartamento em nome do irmão do ex-ministro, a reforma de outro imóvel cujo verdadeiro dono seria José Dirceu e a compra de uma casa para a filha dele. Ao todo, esses negócios teriam rendido ao ex-ministro, segundo Pascowitch, mais de R$ 2,7 milhões.
O MPF afirma que essa quantia foi paga para Dirceu porque ele foi o responsável por indicar Renato Duque ao cargo de diretor de Serviços da Petrobras.
Para o MPF, Pascowitch foi quem intermediu os pagamentos de propina para Dirceu e para o Partido dos Trabalhadores (PT), durante os anos em que trabalhou junto com a Engevix. Apenas o ex-ministro teria recebido R$ 11 milhões, segundo os investigadores.
Sobre as relações com o PT, Pascowitch afirmou que o ex-tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto, era quem recebia as quantias devidas pela Engevix. A atuação dele teria começado em 2009. Segundo o lobista, em um contrato para a construção de cascos para a exploração do pré-sal, o partido ficou com R$ 14 milhões.
Pascowitch disse que desse montante R$ 4 milhões foram repassados como doações oficiais ao PT. O restante, conforme o lobista, foi pago em dinheiro vivo, para o próprio Vaccari, entre os anos de 2010 e 2011. Perguntado sobre como transportava tanto dinheiro, ele deu detalhes. “Eu fazia através de uma malinha que eu tenho, com rodinha. Cabia R$ 500 mil”.
Julio Camargo Executivo da Toyo Setal e operador financeiro, delator na operação Lava Jato (Foto: Reprodução/TV Globo)Julio Camargo disse que pagou R$ 7 milhões para
José Dirceu
R$ 7 milhões para o ex-ministro
 

O delator Júlio Camargo, que também é réu nesta ação, foi interrogado na sexta-feira (22), e disse que fez pagamentos de cerca de R$ 7 milhões oriundos de propina para o ex-ministro.
Esses pagamentos, segundo Camargo, foram feitos a pedido de Renato Duque. O delator disse que tinha uma conta corrente junto com Duque e o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco para pagamentos de propina. “Num momento Renato Duque me chamou e disse, Júlio, da nossa conta corrente eu quero que você destine R$ 4 milhões a José Dirceu”, relatou.
A partir de então, o delator diz que foi procurado por outro operador, Milton Pascowitch, que se apresentou como representante de José Dirceu e estabeleceu um cronograma de pagamentos.
 O ex-ministro José Dirceu é transferido da sede da Polícia Federal de Curitiba para o Complexo Médico Penal em Pinhais, no Paraná (Foto: Rodrigo Félix/Futura Press/Estadão Conteúdo)José Dirceu está preso no Paraná
Defesas
A defesa de José Dirceu afirmou que o depoimento de Pascowitch foi confuso e que as declarações precisam ser provadas, para que se faça qualquer acusação.

Sobre o pagamento de R$ 7 milhões, citado por Júlio Camargo, o advogado de Dirceu disse que todo o dinheiro que o ex-ministro recebeu foi em função de serviço prestado, com nota fiscal emitida. Afirmou ainda que Dirceu não recebeu propina de Júlio Camargo e que tem a impressão de que as pessoas se favorecem nas delações usando o nome de José Dirceu.
A defesa do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse que ele reafirmou o conteúdo da delação premiada.
O advogado de Vaccari Neto, Luiz Flávio D'Urso, disse que a acusação de que Vaccari recebeu dinheiro de propina não procede.
Em nota, o PT afirmou que todas as doações que recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmatros legais e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral.


 http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/01/duque-e-vaccari-ficam-em-silencio-em-interrogatorio-do-juiz-sergio-moro.html


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25/01/2016

Haddad e Alckmin são hostilizados ao deixarem missa por SP na Sé

Integrantes do MPL esperaram governantes saírem da Catedral da Sé.
Movimento protesta contra o aumento da tarifa do transporte público. 

 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e o governador, Geraldo Alckmin (PSDB), foram hostilizados após saírem de uma missa em comemoração ao aniversário da capital paulista na Catedral da Sé, no Centro.
Cerca de 20 integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) se concentraram ao lado da catedral para aguardar a saída dos governantes. Desde o anúncio do aumento da tarifa do transporte público em São Paulo, o movimento organizou cinco grandes atos para pedir a revogação.
Haddad parou para falar com a imprensa, e os integrantes do movimento cantaram músicas contra ele. O prefeito foi atingido por uma garrafa pet quando dava entrevista para os jornalistas “Hoje é dia de celebração, o dia de comemorar São Paulo. Estamos tendo um feriado prolongado bastante bonito, muita cultura”, afirmou.
Ao perceber que foi atingido, afirmou. “Vamos deixar pra outra hora, que aqui está meio ruim”, disse.
Alckmin saiu por trás da Igreja e também chegou a ser cercado e hostilizado por manifestantes.
 

Alckmin é hostilizado por manifestantes na Catedral da Sé (Foto: Hélvio Romero/Estadão Conteúdo)Alckmin é hostilizado por manifestantes na Catedral da Sé 
Integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) hostilizam o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin, após missa em comemoração ao aniversário de São Paulo, realizada na Catedral da Sé, no centro da capital paulista, nesta segunda-feira (25) (Foto: Hélvio Romero/Estadão Conteúdo)Integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) hostilizam o governador Geraldo Alckmin, após missa em comemoração ao aniversário de São Paulo, realizada na Catedral da Sé, no Centro da capital paulista, nesta segunda-feira (25)
Grupo tenta barrar saída do prefeito Fernando Haddad após missa de aniversário de São Paulo. Protesto foi contra o reajuste das passagens de ônibus e trens na capital paulista (Foto: Reprodução TV Globo)Grupo tenta barrar saída do prefeito Fernando Haddad após missa de aniversário de São Paulo. Protesto foi contra o reajuste das passagens de ônibus e trens na capital paulista

Na última quinta-feira (21), o prefeito disse que apenas um “mágico” seria capaz de resolver o problema da isenção da tarifa do transporte público para todo a população de São Paulo. Essa é a reivindicação dos manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL) que vêm realizando protestos semanalmente na cidade.

“Agora quer passe livre para todo mundo. Então é melhor eleger um mágico em outubro, porque prefeito não vai dar conta disso”, afirmou Haddad durante uma visita ao bairro de Santo Amaro, na Zona Sul.
O prefeito também criticou o posicionamento da imprensa que o questiona sobre essa possibilidade. “’Você não vai dar passe livre pra todo mundo? (questiona a imprensa)’. Dá vontade de perguntar como você tem a coragem de me fazer uma pergunta dessa. Passe livre pra todo mundo custa todo o IPTU da cidade. Eu precisaria pegar todo o IPTU da cidade, tirar da Educação, tirar da saúde, tirar da cultura”, argumentou.
Haddad disse ainda que não irá gastar dinheiro público na veiculação de propagandas. “Vem me cobrar de comunicação. Não tem comunicação que dê conta disso, eu vou botar o que na televisão, vou gastar dinheiro público para falar o quê?”, questiona ele.
De acordo com o prefeito, a cidade já gasta R$ 2 bilhões por ano em subsídio ao transporte público, sendo que são R$ 700 milhões apenas com o passe livre para 530 mil estudantes que conseguiram gratuidade. “Eu não prometi passe livre na campanha, prometi Bilhete Único Mensal, faixa e corredor de ônibus. Fiz mais do que prometi, inclusive."

Sobre a divulgação do trajeto do protesto com antecedência, ele diz que é um pedido da Secretaria da Segurança Pública e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para organizar a cidade para ter o menor impacto possível no trânsito. “Para nós o direito de manifestação é sagrado desde que respeitado alguns protocolos importantes”, disse Haddad.

Manifestante protesta contra preço da tarifa de ônibus, metrô e trem em São Paulo após reajuste (Foto: Marcelo Brandt/G1)Manifestante protesta contra preço da tarifa de ônibus, metrô e trem em São Paulo após reajuste

O prefeito ironizou o pedido do passe livre para todos. “Tem tanta coisa que podia vir na frente, podia ser almoço grátis, jantar grátis, ida pra Disney grátis. Começa a ficar uma conversa que você não sabe aonde vai dar”, disse.
Segundo Haddad, com os R$ 700 milhões do passe livre estudantil seria possível construir 20 CEUs e 4 hospitais gerais por ano.
Questionado sobre a possibilidade da suspensão do reajuste da tarifa de ônibus, Haddad disse que o único caminho de diálogo futuro é com a aprovação de uma PEC que municipaliza a CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico).

“Tem uma PEC no Congresso Nacional que propõe a municipalização dos tributos que incidem sobre a gasolina. E a proposta dos prefeitos do Brasil inteiro, não é proposta de São Paulo, que essa PEC seja aprovada, porque nós teríamos uma fonte de financiamento para a tarifa de transporte público”, afirmou.

A PEC foi instalada no dia 15 de dezembro do ano passado e tem comissão especial com presidente e relator nomeados. “É nossa recomendação para os movimentos que pleiteiam mais benefícios, hoje nós já estamos investindo R$ 2 bilhões em gratuidade para estudantes, idoso, desempregado e pessoas com deficiência. Se nós vamos ampliar as categorias, nós precisaríamos uma fonte de financiamento”, sugerindo que os manifestantes pressionem os congressistas para tornar o projeto viável.

Faixa do Movimento Passe Livre na escadaria do Theatro Municipal (Foto: Marcelo Brandt/G1)Faixa do Movimento Passe Livre na escadaria do Theatro Municipal 
 
 
 

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