12/02/2014 04h46 -

Caio Silva de Souza estava escondido em uma pousada em Feira de Santana.
Cinegrafista atingido por rojão teve morte cerebral após 4 dias em coma.


O auxiliar de serviços Caio Silva de Souza, de 23 anos, suspeito de acender e soltar o rojão que matou um cinegrafista da TV Bandeirantes em um protesto no Rio na semana passada, foi preso na madrugada desta quarta-feira (12) na Bahia. Uma equipe da Rede Globo registrou o momento da prisão.
O suspeito, procurado desde a noite de segunda (10), quando a Justiça do Rio decretou sua prisão temporária, foi cercado e encontrado em uma pousada chamada Gonçalves, perto da rodoviária de Feira de Santana, no centro-norte da Bahia, por volta das 2h (3h no horário de Brasília). Ele não ofereceu resistência. O voo que levará Caio para o Rio de Janeiro está previsto para chegar ao aeroporto do Galeão às 8h40 desta quarta-feira, de onde será levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, no subúrbio da cidade.
A prisão foi efetuada pelo delegado que investiga o caso, Maurício Luciano de Almeida e Silva, da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele estava acompanhado do advogado de Caio, Jonas Tadeu, que também defende outro rapaz envolvido no caso, Fábio Raposo, que está preso no Rio.
Caio Souza contou após a prisão que pretendia fugir para a casa de um avô no Ceará, quando foi convencido por telefone pela namorada a se entregar à polícia. Apontado como responsável por acender e posicionar o rojão que causou a morte do cinegrafista Santiago Andrade, ele alegou logo após a prisão que não sabia que o artefato era um rojão e sim o explosivo conhecido como "cabeção de nego". Ele pediu ainda desculpas pela "morte de um trabalhador", como ele própio, sua mãe e seu pai.
Na quinta-feira (6), o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade gravava imagens de uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio, quando foi atingido na cabeça pelo rojão. Ele teve morte cerebral na segunda (10), depois de passar quatro dias em coma no Hospital Souza Aguiar.
De acordo com a polícia, é Caio Souza quem aparece nas imagens registradas por fotógrafos e cinegrafistas usando calça jeans e camisa cinza suada.
O Disque-Denúncia havia divulgado um cartaz pedindo informações sobre o paradeiro de Caio Souza, que é auxiliar de serviços gerais em uma empresa prestadora de serviço do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio.
Durante todo o dia, policiais fizeram buscas em várias regiões do estado para prender Caio. Segundo a polícia, a família dele mora na Baixada Fluminense. Os agentes estiveram em outros endereços, mas ele não foi encontrado no Rio.

Registros na polícia
O delegado que investiga o caso informou que foi Fabio Raposo quem apontou Caio Silva como responsável pelo disparo de rojão que atingiu o cinegrafista. O suspeito foi identificado através de uma foto mostrada a Fabio Raposo, que teria contado também que conhecia Caio de outros protestos e que o suspeito tem um perfil violento.

Caio Souza tem quatro registros na polícia do Rio. Em 2008, deu queixa dizendo ter sido agredido pelo irmão. Em 2010, foi levado duas vezes à delegacia  por suspeita de porte de drogas,  mas não chegou a ser acusado. E, em 2013, foi à polícia dizer que tinha sido agredido em um  protesto no Centro do Rio.
Caio Souza e Fábio Raposo foram indiciados por homicídio doloso qualificado por uso de artefato explosivo e crime de explosão. Se forem condenados, podem pegar até 35 anos de prisão.

Acusado de detonar rojão diz à mãe que tudo não passou de acidente

  • Marilene Mendonça afirmou que nenhum político ou advogado ofereceu assistência à família

Marilene Mendonça conta que filho se achava um herói na luta pela redução do valor da passagem de ônibus: “Ele ia a todas as passeatas”
Foto: Agência O Globo / Marcelo Carnaval
Marilene Mendonça conta que filho se achava um herói na luta pela redução do valor da passagem de ônibus: “Ele ia a todas as passeatas”
RIO — O telefonema não durou mais do que três minutos, mas foi suficiente para Caio Silva de Souza, de 22 anos, contar à mãe, Marilene Mendonça, de 49 anos, que a morte do cinegrafista Santiago Andrade durante a manifestação da última quinta-feira não passou de um acidente. Em sua casa no município de Nilópolis, na Baixada Fluminense, Marilene contou ao Globo que ele confessou ter segurado o rojão que atingiu a vítima — mas que negou ter feito o lançamento do artefato. Desesperada, a mãe, que disse ter reconhecido o filho nas imagens de TV, contou que não foi procurada por nenhum político e que o filho só não se entregou à polícia porque nenhum advogado ofereceu ajuda jurídica à família.
— Ele me disse: “Mãe, foi um acidente. A gente só usa a bomba para fazer barulho e assustar a polícia. Nunca tive a intenção de jogar em ninguém”. Meu filho sempre me avisa quando vai nas passeatas, porque quer ajudar a baixar o preço das passagens de ônibus. Ele usa ônibus para ir ao trabalho. Como a passagem diminuiu da outra vez, ele se achou um herói junto com os outros. Ele se sente o defensor dos pobres. Eu pedia para ele não ir, mas ele não me ouvia — contou Marilene, lembrando que o filho estava chorando.
Há cerca de um ano, Caio, que é filho único de pais separados, deixou de viver com Marilene, que mora de favor numa casa humilde de parentes em Nilópolis. Segundo a mãe, ele dormia com ela no sofá da sala. Marilene conta que não pode trabalhar, pois cuida do pai que é esquizofrênico. Com a aposentadoria do pai, ela passou a ajudar o filho pagando o aluguel de R$ 450 de um quitinete próximo à estação de trens de Olinda, para que ele usasse só uma condução para chegar ao trabalho. O acusado estudou até a oitava série em colégios públicos da região. Atualmente ele trabalha como auxiliar de serviços gerais de uma empresa terceirizada que presta serviços no Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande.
Segundo Marilene, o filho lhe contava que os encontros eram marcados pela Internet e, como ele não tem computador, Caio utiliza o próprio celular para acessar o Facebook para confirmar sua presença nas manifestações.
— Não tem movimento político por trás do meu filho. Se tivesse alguém apoiando ele, não estaríamos precisando de um advogado para defendê-lo. Ele foi a todas passeatas, por causa do aumento das passagens de ônibus. Caio me conta que esconde o rosto por causa da polícia e para não reconhecerem ele no serviço. Agora nem sei como vai ficar, pois ele trabalhava como temporário. Acho que eles (empregadores) não vão ficar mais com ele lá. Ele ganha um salário mínimo, mas faz falta — lamentou Marilene.
Como tem problemas neurológicos, a mãe de Caio não vê televisão ou ouve rádio, para não ficar deprimida. Foi quando a polícia chegou onde mora, na tarde da última segunda-feira, que ela se deu conta que o filho estava em apuros. Ela conta que os primeiros a chegarem foram os agentes federais, seguidos de PMs e policiais civis.
— Eu não estava em casa, mas a minha família chegou a dizer que eles chegaram apontando armas para todo mundo achando que meu filho ainda morava aqui. Cheguei a ligar para o telefone de um policial federal para pedir que o levassem à delegacia, desde que arrumassem um advogado de graça para o meu filho, pois não tenho como pagar, mas ele não atendeu o telefone — contou Marilene, cuja casa é cheia de papéis colados na parede para o pai não se esquecer das tarefas diárias.
Quando perguntada se o filho é um black bloc, Marilene diz que não sabe direito, mas que “ele anda com eles” nos protestos. Ela sai em defesa do grupo:
— Ele me disse que este tal de Black Bloc sempre vai na linha de frente para proteger os manifestantes da polícia. Acabou o protesto, cada um vai para a sua casa. O que a polícia tem que fazer é chamar os outros dois que aparecem nas imagens. Meu filho não estava lá sozinho. Ele me disse que ficou desorientado e que havia muita fumaça — concluiu Marilene, ressaltando que o filho é uma pessoa tranquila.
Ele é considerado foragido, já que na noite desta segunda-feira teve a prisão temporária decretada pela Justiça. Caio tem duas passagens pela polícia, como envolvido em ocorrências de tráfico de drogas: uma na 53ª DP (Mesquita) e outra na 56ª DP (Comendador Soares), mas não tem anotações criminais. Ambos os procedimentos são de 2010. Segundo a assessoria da Polícia Civil, ele estava próximo ao local onde foram encontradas drogas. Depois de prestar depoimento, ele foi liberado.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/acusado-de-detonar-rojao-diz-mae-que-tudo-nao-passou-de-acidente-11578326#ixzz2t6RHxFwF


 http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/suspeito-de-lancar-rojao-que-matou-cinegrafista-e-preso.html

0 comentários:

Postar um comentário

Postagens populares

 
Top